Amigos, amigos. Ética à parte

Será? [2]

Hoje (4), após muito tempo, parei diante de uma banca, não resisti e comprei um jornal (algum dia eu escrevo sobre como a não-exigência do diploma de jornalismo vai ser fundamental para a “longevidade” do jornal impresso que conhecemos). A princípio, o que eu queria ler, ansiosamente, era como Henrique “o-nem-tão-espertão” Oliveira havia perdido o mandato de vereador por tentar burlar o Artigo 366 do Código Eleitoral, mas o que me chamou mesmo a atenção foi a matéria sobre o global Wallace Souza (PP).

De braços abertos igual ao Cristo. Esta é a imagem de Wallaca Souza: um cristo que foi expulso da Polícia, apresentava um programa de TV que explorava a degradação de pessoas humildes e que está sendo investigado em cinco processos, entre eles, assossiação ao tráfico de drogas e formação de quadrilha. Uma história comovente, não? Acima, o título “Wallace elogia Braga e critica Amazonino”.

Os elogios ao governador do Amazonas não são de graça, pois ontem mesmo, em uma coletiva de imprensa, Eduado Braga (PMDB) disse que não comentaria nadica de nada sobre o caso envolvendo o deputado irmão-coragem. Aí, então, Wallace Souza se desmancha publicamente em carícias verbais, chamando o chefon de “ético” e dizendo que “Braga jamais usaria sua condição de governador para prejudicá-lo politicamente”. Wallace também diz acreditar que estas investigações por parte da Secretaria de Segurança Pública (SSP) aconteceram contra a vontade do governador.

Paro e analiso estas afirmações:

Sinceramente, Wallace dizer essas coisas assim na maior não pegam bem. O cara fica tentando se livrar das perguntas dos jornais, visivelmente, para não se ver envolvido no caso, aí tu vem e elogia o cara, dizendo que ele não quer te ver prejudicado e que as investigações da força tarefa (que inclui membros da SSP) que te relacionam à uma quadrilha de trafico de drogas e serviços de extermínio “aconteceram à revalia do governador”?

Assim, tu força a amizade. E é exatamente por isso que o Dudu não quer mais falar sobre o causo.

E é exatamente por isso que o Amazonino não te cede um ombro amigo.

Pois, após os elogios ao governador, Wallace chama Amazonino de “ingrato”.

“São pessoas que deram o sangue nas eleições e agora são deixados de lado. Eu mesmo fui esquecido”, disse o parlamentar-modelo-apresentador.

Calma lá, Wallace! Nessa altura do campeonato, você ainda vem falar de sangue? De quem é esse sangue? E esse sangue foi dado nas eleições em troca de votos?

Força Tarefa nele, Brasil!

E por que essa dualidade de adjetivos, meo?

Para Wallace, um é ético, o outro é ingrato.

Braga é ético por quê?

Porque ele não está dando apoio às ações da polícia? Essa é a luz que resplandesse de Braga e que as pupilas dilatadas de Wallace absorvem na forma de conceitos “éticos”?

Até agora, Wallace apareceu apenas uma vez em rede nacional, mesmo assim a situação dele está pior que a do Sarney. Ao menos o presidente do Senado ainda conta com o apoio de Lula e do PT, apoio pago em troca de influência política pelos corredores escuros do Senado, mas não deixa de ser apoio, né?

Já Wallace está caindo cada vez mais fundo. Não tem mais nada a oferecer. E a melhor coisas que os outros fazem é assistirem essa queda de longe, afastando-se cada vez mais, num medo velado de que, numa tentativa desesperada de salvação, a garra suja de Wallace não se firme em alguma perna e o traga junto para o fundo.

Até mesmo o Sabino Castelo Branco, que junto aos Irmãos Coragens, tentou impedir a ação da polícia e a prisão do Raphael Souza (filho de Wallace), finge que nada está acontecendo.

Eu sempre achei que investigações de quebra de decoro e outros casos políticos nunca poderiam dar em nada. Tipo, políticos julgando políticos? Pfff, qualé???

Mas desta vez estou mais otimista, pois, diante destes “julgamentos” e do atual comportamentos dos ex-aliados políticos de Wallace, podem ser uma prévia do que poderá acontecer.

“A casa caiu, Galerito”

“Safaaaaaaaaaaado!”

Sua parte…

por Felipe Carvalho

Então, as últimas notícias sobre o caso Wallace é que o Liberman Moreno (PHT) será o relator do processo.

Com a ajuda do google, fiz uma pesquisa na net pra ver se esse cara já havia se metido em muitos rolos por ai.

E, mesmo ele não ter ajudado muito a combater o nepostimo na Assembléia, vi que ele ajudou a dar início a várias CPIs… que não deram em nada… mas aí não é só culpa dele, são vários deputados.

Mas o que me preocupar mais é que, apesar de Liberman ser da bancada de oposição ao Governo do Estado, ele é líder do partido que é aliado do Amazonino, cujo vice-prefeito é o famoso irmão do dep. Wallace, Carlos Souza.

Não precisa pensar muito pra ver que isso pode… ok, deixa pra lá.

Por isso, venho aqui pedir a todos que ENCHAM DE E-MAILS a caixa de entrada do Liberman com pedidos de honestidade e seriedade no decorrer das investigações.

Tudo isso pra ele ter certeza que, apesar de parecer o contrário, o povo está de olho nos atos de nossos políticos.

O e-mail do gajo é: deputado.liberman@aleam.gov.br

Tem também do irmão-coragem Walace: deputado.wallace@aleam.gov.br

 

Deixem de preguiça, é muito rápido mandar um ou dois e-mails.

FAÇA A SUA PARTE, CIDADÃO…

Ovos voadores muitos loucos

Estes políticos tchecos achavam que ia participar de um comício como todos os outros. Claro que eles não esperavam o ataque dos…

Ovos voadores muito loucos!

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Essa turminha do barulho vai roubar a cena e transformar o comício em um verdadeiro campo de batalha!

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Traga seu guarda-chuva e proteja-se, pois esses malandrinhos vão virar o Parlamento Europeu de pernas pro ar e aprontar pra valer nesta divertida comédia para toda a familia!

 

 

 

Inspirado em:

Políticos tchecos em campanha eleitoral levam ovadas
Do UOL Notícias
Membros do Partido Social Democrata da República Tcheca levaram ovadas em Praga nesta quarta-feira (27), durante campanha para as eleições do Parlamento Europeu. A disputa pelo parlamento acontece na próxima semana, entre os dias 4 e 7 de junho.

O presidente do partido Jiri Paroubek havia iniciado seu discurso quando os manifestantes oponentes começaram a atirar os ovos.

Em alguns estava escrito “parem com a demagogia” e “parem com o populismo”. Os políticos abriram um guarda-chuva como forma de proteção.

No site de relacionamentos Facebook, mais de 40 mil pessoas aderiram à campanha “Ovos para Paroubek”, cujo objetivo é atingir com ovos os aliados do presidente social-democrata.

http://noticias.uol.com.br/ultnot/internacional/2009/05/27/ult1859u1046.jhtm

Nota: Após a brincadeira, 16 pessoas foram presas

 

Por falar em ovada…

Hoje é aniversário do Rosiel. Parabéns, Rosê!

Tudibom

o/

Cadê o Negão? + 100% inocente + boatos

por Felipe Carvalho

Não sei mesmo informar, talvez ele ainda esteja em Brasília levando um papo  com o ministro dos Transportes Alfredo Nascimento, fato que gerou um grande ciúme no coração do governador Eduardo “Homenageado” Braga. Ou talvez ele já esteja por aqui mesmo na cidade. Alguém sabe?

O que eu sei é que, por enquanto, quem “toma conta da cidade” é  o vice-prefeito Carlos Souza. Ontem, durante a comemoração do dia do gari, o “irmão coragem” afirmou que o seu mano dep. Walace Souza e o sobrinho Raphael Souza são 100% inocentes das acusações. Que tudo isso é migué do Moa e de várias outras pessoas que só querem ver o mal da família Souza.

Nota: Raphael Souza está respondendo por tráfico de drogas, associação ao crime organizado, porte ilegal de armas e munições e morte do traficante “Caçula”. Acha pouco? Agora, ele também está sendo indiciado pela morte misteriosa de outro traficante de Manaus.

Mas, deve ser tudo invenção.

E o que eu queria mesmo falar neste post e deixei, propositalmente, para o final é que EU ouvi da própria boca de uma pessoa que é assessora de imprensa de uma das secretarias municipais que há um boato forte de que Amazonino irá renunciar a prefeitura.

Motivos para fazer isso, Amazonino tem de sobra, mas ainda é só um boato. E boatos são só boatos…

Mas se isso acontecer, espero que seja antes de ele autorizar o aumento do preço da passagem de ônibus.

Já acendi uma vela de sete dias aqui em casa. Oxalá!

Uma imagem vale mais que mil palavras

por Felipe Carvalho

nós, palhaços

Esta é a manchete do Diário do Amazonas de hoje, dia 15. A legenda diz “Artista embarca no Terminal do bairro Cachoeirinha, no dia da greve dos rodoviários que deixou mais de 400 mil pessoas sem ônibus, em Manaus.

Achei essa imagem demais. A foto de Raimundo Valentim expressa bem como, não só os usuários de ônibus, mas toda a população manauara vem se sentindo com o desleixo com que nossos governantes tratam a cidade. A prefeitura parece não exercer nenhuma autoridade e não apresenta planos concretos ou algum direcionamento para os principais assuntos da cidade.

Além de recuperar 70km de ruas (coisa que foi divulgada em todos os meios de comunicação possível), o que mais a prefeitura realizou?

O prefeito em exercício Carlos Souza (Amazonino está em Brasília) só conseguiu fazer com que as duas partes chegassem ao acordo de 7% de aumento salariam no fim da tarde. Os rodoviários vinham pedindo o reajuste há mais de dois meses e, só com a greve, alcançaram o objetivo MAS se o reajuste era possível…

Por que os empresários só o concederam após a greve que prejudicou toda a população?

Esta pergunta foi feita e respondida pelo próprio Diário do Amazonas, pois, na coluna Claro & Escuro há uma pequena nota em que o presidente do Sindicato dos Rodoviários, Josildo Oliveira, revela que os empresários do setor queriam que a greve acontecesse para forçar a prefeitura a conceder o aumento da tarifa.

Os empresários e o Sinetram querem que o preço da passagem aumente para R$2,60.

Palhaçada!

Prof. Gilson Monteiro e “A princesinha do papai” estrelando “O poder do twitter”

por Felipe Carvalho

Mal pousei meus olhos sobre as últimas postagens no twitter e pude ver um vuco-vuco entre dois contatos. A conversa era sobre a agressão que o prof. Gilson Monteiro sofreu em plena aula, na frente de todos os alunos.

Mais informações, aqui http://oavesso.com.br/blog/2009/05/11/truculencia-invade-sala-de-aula-da-ufam/

Agora, eu não sei mesmo sobre por onde devo, realmente, começar o post. Não sei se é melhor começar falando sobre o ato de covardia e a violência desmedida para calar um ser humano, ou se boto o link pro orkut da sobrinha do Omar Aziz, ou de como ela será isolada do grupo, ou até poderia falar sobre o twitter e as centenas de informações sobre o caso em diversos blogs de Manaus. Não sei mesmo por onde começar…

Só sei que não posso falar de pedofilia. Gosto dos meus dentes.

 

ATUALIZANDO:

Piada extra…

Esse realmente não é o ano do Gilson, já é a segunda vez que ele leva porrada. A primeira de 2009 foi nas eleições da reitoria da Ufam quando ele ficou em último. HAHAHA

Ai ai…

Nós, estudantes – parte 1

por Felipe Carvalho

 

Desde segunda, Manaus parou diante dos passos lentos de milhares de pessoas que lutavam por algo perdido. Naquele corpo único que marchava ninguém tinha cor nem tinha sobrenome. Todos ali eram voz e convicção.

Ouvi dizerem que nem todos estavam alí com o mesmo pensamento, que havia entre aqueles tantos outros pessoas que estavam apenas por diversão. Eu sei que sim, eu estava lá e pude ver e ouvir muitos que passavam rindo, muitos que fizeram daquilo uma festa momentanea. Isto torna o movimento mais fraco? Faz o protesto perder seu real sentido? Não, pois entre uma risada e outra, eles engrossavam os refrões dos que protestavam por justiça e, neste momento, também se tornavam parte do todo, tornavam-se célula do corpo único que é o estudante de Manaus. E mesmo que estes estudantes estivessem ali sem ter conhecimento de toda a situação, se eles sentirem necessidade de saber o que está acontecendo na cidade para que todas aquelas pessoas saíssem as ruas, estão, tudo bem. E se eles começarem a se permitir travar diálogos referentes a política e direitos de cidadão, então melhor ainda que estas pessoas tivessem participando, pois a manifestação teria agido para além das pernas e braços, mas também sobre seu pensamento, e este é o principal objetivo.

Este corpo único que falo não é apenas a massa de pessoas que caminhavam na mesma direção. Durante o trajeto, inúmeras pessoas davam sinal de apoio aquela manifestação legítima. Eram idosos, mulheres e crianças que deixavam o interior de suas casas e iam as beiras das ruas acenar, levantar ao céu a carteira estudantil, ou até mesmo dar um sorriso que centenas de estudantes retribuiam no mesmo instante. Eram também motoristas de ônibus que, nas suas obrigações diárias, passavam do outro lado da pista. Tantos outros motoristas deram o mesmo apoio, iam na contra-mão mas nem por isso deixavam de dar um sinal de aprovação.

Os motoristas que precisaram parar seus automóveis por conta do protesto que “teimava” em parava nos cruzamentos também se levantavam para ver. Levantavam-se para aplaudir. E como ficar com raiva de alguém que está lutando por um direito? Isto é mesquinhez. O direito coletivo deve pesar mais sobre cada um de nós.

 
6 de maio de 2009
Cheguei a Ufam mas fiquei poucos minutos, logo ouvi um grupo de pessoas que estavam indo para o protesto na Câmara Municipal de Manaus (CMM), no São raimundo, e resolvi acompanhá-los. Fomos de ônibus, o que de certa forma me pareceu um tanto irônico. Foi um trajeto longo que consumiu uma hora de nosso dia. Lá, portões fechados. “A casa do povo não pode trancar seus portões”, eu tinha vontade de gritar, mas nem consegui, os que me conhecem sabem o quanto é difícil me fazer falar.

Um carro de som fazia todo o barulho que precisavamos. Mais e mais pessoas juntavam-se a nós, já deviamos ser uns 50 quando um cara de paletó disse que os portões haviam sido fechados após um acordo com os outros estudantes para limitar o acesso a galeria da Câmara a 80 pessoas, número total de poltronas para os expectadores. Por celular, alguém conversou com outro que já estava dentro, este disse que lá havia, no máximo 40 pessoas. A informação foi repassada ao homem de paletó que, após uma recontagem, ele permitiu que mais 30 pessoas entrassem.

 

Fui o trigésimo

“28… 29… Este é o trigésimo”, gritou o homem após colocar a mão sobre meu ombro esquerdo.

Nunca havia estado lá, era tudo novo pra mim. Entrei na hora que o vereador Leonel Feitosa terminava seu discurso onde dizia que havia pensado melhor no assunto e que tinha mudando de decisão. Muitas vaias. O vereador-apresentador de tv Henrique Oliveira já vinha tentando se livrar da sujeira dizendo que a lei havia sido aprovada na gestão passada.

Lá de cima onde estávamos, podia ver rostos conhecidos. Arlindo Junior não saia do MSN, a piada que rolava quando ele voltava a digitar era “A gente se falar outra hora, amor. Tô trabalhando”.

A votação extraordinária prometida pelo presidente da CMM, vereador Carijó, para a revogação da lei de redução dos passes, não aconteceu. Ele nem estava lá, estava em Brasília. O placar eletrônico dizia que haviam 28 vereadores. Foi anunciado que a bancada iria se reunir e depois iria dar uma decisão.

 

Tia da Trufa

Estávamos todos atordoados por causa da fome, vontade de fazer algo, tédio, quando um grito estridente corta a galeria:

– Olha eu aqui, gente!

E quem era? Quem quem? A onipresente Tia da Trufa com sua maletinha. Todo mundo avançou ao redor da pequenina.

– Como a senhora veio parar aqui?

– Ora, eu cheguei lá na Ufam e não tinha ninguém, imaginei que vocês estivessem aqui!

(ok, ela também é oniciente)

O que mais me admirou foi que nós, estudantes, travamos maior bate-boca para que alguns entrassem e a Tia da Trufa entrou na maior. Acho que ela também controla mentes.

 

Horário de almoço

Alguns vereadores até mandaram lanches para nós, pães, bolachas, refrigerante e café com leite e café preto. Esperamos até as 14h, como nada aconteceu saimos andando para a frente do Sinetam (em frente ao Terminal da Constantino Nery), onde outros estudantes também estavam protestanto.

Deixamos um grupo na CMM para acompanhar a movimentação, mas tarde, quando já estavamos juntos ao grupo, nos foi informado que a votação havia sido adiada para segunda-feira.

O protesto seguiria até a av. Djalma Batista.

A marcha

Já eramos muitos quando decidimos continuar com o protesto. Iamos por uma das vias da Av. Constantino Nery, parando na frente dos estabelecimentos de ensino para a maior adesão de estudantes. A medida que iamos avançando, iamos ganhando mais peso. Lembro da gritaria que foi quando um grupo de 6 ou 7 estudantes veio correndo do Parque dos Bilhares para encorpar o protesto.

Em certos momentos, o grupo de frente parecia um tanto em dúvida para que caminho escolher. E em questão de segundos, pessoas se juntavam, apresentavam propostas e tomavam novas decisões. O pescoço ficava rubro de tanto gritar, o diálogo na linha de frente era exaltado mas sempre existia.

Já estávamos na av. Darcy Vargas, entre o Amazonas Shoping e a UEA, sentamos na rua, dos dois lados, imedindo o trânsito. Os ambulantes ali da região faturaram bastante, quando cheguei a um deles para comprar água, ouvi ele clamando: Calma, calma, calma.

Descemos mais um pouco, parando novamente na outra UEA, onde mais alunos entraram no bolo. A caminhada continuou. No cruzamento com a Paraíba, mas uma parada. Centenas de carros parados dos dois lados (Darcy e Paraíba) e as buzinas que soavam não eram de repreensão eram de apoio.

Seguimos a diante. Agora, a ideia era ir até a rotatória do Coroado e depois Ufam. Impossível dizer que tudo isto havia sido planejado. Quando saímos da Ufam, apenas iamos para a CMM. Quando saímos da CMM, tinhamos apenas o objetivo de ir ao Sinetram para nos unir aos outros estudantes. Aliás, o encontro das duas massas, para mim, foi igual a uma cena do Senhor dos Anéis, toda aquela gritaria, punhos erguidos. O meu corpo tremia com aquele turbilhão de sentimentos e hormônios explodindo.

A chega ao Coroado foi a pior parte. Mais de 3 horas de caminhada e o corpo reclamava de dor.

Foi anunciado que o carro de som (uma kombi) estava com pouca gasolina. Um copo plástico foi passado entre os estudantes e cada um depositou uma moeda para a contribuição.

Quando chegamos ao Coroado, já era noite, por volta das 18h30. Paramos e Manaus parou conosco. Os motoqueiros eram os mais impacientes, mas também respeitaram a manifestação.

 

Em todos esses dias: nosso esforço

Gritamos, aplaudimos, fizemos tudo o que podiamos fazer para ter o nosso direito de volta. Direito que já voltou mas ainda sob ameaça. Passará por regulamentação.

Muitos ainda discordam, acham que é uma luta por vantagens pois a quantidade de passes “é mais do necessária”. Será?

Mesmo assim, não vejo esta mobilização apenas como uma briga por mais passes. É mais do que isso.

A lei proposta pelo vereador Leonel Feitosa não foi tomada junto com os estudantes, não viu as necessidades decada um. Muitos precisam de mais de 2 passes por dia. Muitos estudam no fim de semana. Ao invés de propor formas mais eficientes de fiscalização e regulamentação do uso dos passes, utilizaram a forma mais fácil (fácil pra eles): barrar, limitar, inibir.

Isso foi um tapa na cara de todos nós. Uma declaração de que eles, políticos, podem fazer o que bem entenderem. Podem julgar-nos sobre seus parâmetros.

No final de tudo, cada passo que os estudantes deram naquela marcha era um tapa de volta na cara daqueles que tentam nos prejudicar.

Meia passagem: um direito seu, mas não abusa, faz favor

por Felipe Carvalho

Desde sexta-feira passada, 1º de maio, está em vigor a nova leis dos passes estudantis.

Tudo “começou” quando o vereador gordinho-mais-nada-fofinho Leonel Feitoza (PSDB), encaminhou à Câmara dos Vereadores a lei que reduzia a quantidade das meias passagens. Ai o movimento estudantil, junto com o vereador José Ricardo (PT), consegui um mandato de segurança que barrava a tal lei.

Esta novela já vinha acontecendo desde dezembro de 2008. Nesse meio tempo, já rolaram diversas tentativas dos vereadores e empresários do transporte público aprovarem a lei e vários protestos do estudantes (um deles não conseguiu impedir que os vereadores votassem a lei, mas deu uma nova decoração à Câmara).

E o pior, prefeitura e governo do Estado faziam que nem viam nem ouviam nada.

Na terça-feira passada (28), um novo personagem surgiu na novela. Ele, protagonista de outros tantos filmes, deu um desfecho arrazador ao caso e autorizou as restrições a meia passagem. Quem é ele?

É o esselentíssimo Gilmar Mendes, presidente do Superior Tribunal Federal (STF).

Agora, você, estudante manauara, terá direito a 2 meias passagens por dia (50 por mês)!

E não é só isso!

Ainda leva de brinde a inigualável sensação de estar ajudando economicamente o sistema de transporte público desta cidade!

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Ora essa, garoto! É isso que você irá sentir ao pagar a passagem inteira nos fins de semana e feriados!

Não é maravilhoso?

 

Sinceramente,

Quando eu li está notícia no jornal, senti um imenso mal estar e resolvi que devia fazer algo. Só não sabia o quê. Foi ai que uma amiga universitária de Direito sugeriu que eu enviasse e-mail para o STF, revistas e outros políticos. Resolvi tentar. Mandei pro STF, pra Veja, Isto é, Época e pro Leonel. Não recebi nenhuma resposta. A não ser uma mensagem automática da Veja.

Fui então pesquisar mais coisas para defender meu direito. Fui conhecer o sistema de transporte estudantil em outros lugares do mundo.

 

Estudantes de todo o mundo, uni-vos!

Em Melbourne e Victoria (Austrália), estudantes de todos os níveis escolares (primary, secundary and tertiary) têm direito a passagem diferenciada. Pelo que entendi, este direito vale até para os estudantes que moram nestas duas cidades mas estudam em outras cidades relacionadas (há uma lista).

Já em Toronto (Canadá) é um pouco diferente. Há três tipos de tarifas: para adultos ($2,75), para estudantes/idosos ($1,85) e crianças (70cents). Na faixa dos estudantes estão incluidos apenas os alunos entre 13 e 19 anos. Os maiores de 19 anos, mesmo que cursando a faculdade, may not pay a tarifa reduzida para estudantes. A “carteirinha” deles é até bem maneira:

toronto

Em nenhum dos sites consegui encontrar se há limite de uso das passagens.

Mais isso é coisa de primeiro mundo. E, aqui no Brasil, passe livre é uma causa perdida.

Em Singapura, eles também têm milhões de problemas:

http://theonlinecitizen.com/2009/02/listen-to-us-student-activist-group-engages-the-transport-authorities

http://theonlinecitizen.com/2009/02/student-group-proposes-new-formula-for-students-transportation-fares/

Mas o que me fez desistir de brigar por essa causa foi saber como é esta realidade em São Paulo. Bem pior que aqui. E como lá é “parâmetro” para o resto do Brasil, vai ser impossível mudar a decisão do presidente da maior esfera da justiça brasileira apenas alegando que “a meia passagem é direito do estudante, não apenas para ir a escola ou cursos, mas também para ir a exposições, cinema e apresentações pois isto faz parte da sua formação intelectual”.

Triste…

Conversei com a Ana Freitas (do Olhometro). Ela é estudante de jornalismo e faz estágio num lugar que paga, além do transporte no trajeto casa-trampo-casa, também banca a ida para a faculdade (tem alguma vaga ai, Ana?), mesmo assim ela sabe o inferno que é o transporte público para os estudantes.

Há uma imensa burocracia de preenche formulário no Intrans, leva pra escola carimbar e aproveita pra preencher outro, traz de volta, pega outro carimbo, leva pra lá, traz pra cá, preenche outro e blábláblábláblá.

E nesses formulários você terá que informar quais as rotas que usa e em que horário POIS você só terá direito de pegar meia passagem NAQUELES ônibus e NAQUELES horário. NADA MAIS. E se você tiver que usar mais de um sistema de transporte (ônibus, trêm ou metrô), terá que preencher formulários para cada empresa pois o sistema não é centralizado.

Eu disse que era triste.

Mesmo assim,

Se alguém ainda quer continuar nesta briga, nesta quinta-feira, dia 7, às 16h, estudantes estarão se reunindo na frente do IEA (Praça dos metaleiros – Centro) para uma nova passeata.

Como eu disse, já desanimei, mas como estou de férias do trabalho e adoro um bafafá, eu vou.

Márcia Perales, primeira reitora da Ufam, e o direito de não votar

por Felipe Carvalho

Acabou o circo! Agora nada mais de chegar na Ufam e dar de cara com aquele batalhão de gente te empurrando um folder de propostras, santinhos ou pregando adesivos em você. Amém!

Sim, e mesmo com o apoio dos outros três candidatos que não foram pra o 2º turno, Nelson Fraiji só recebeu o que a Maria ganhou na capoeira: porrada e dor de cabeça. E apesar de ter arrebatado mais votos válidos (6024 votos pra ele contra apenas 4668 pra ela), Márcia Perales foi eleita a nova reitora da Ufam por meio de uma eleição legítima que ocorreu sem escandalos ou suspeitas de fraude. Tudo bem limpo e claro. Creio que o fato de ela ser a canditada do atual reitor, o Hidemberg e por ter gasto uma grana em publicidade fazendo milhões de adesivos, banners, folders e até feijoadas, não tem nada a ver. Longe de mim pensar isso…

E se o Nelson levou mais votos, por que não ganhou?

Ganhei, mano!

Ganhei, mano!

Já explico. Manaus e as unidades do interior participam da votação, dividem-se os votantes em três grupo: técnicos administrativos, docentes e dicentes. Cada grupo tem o mesmo peso e isso acontece para haver uma igualdade de participação e importância entre todos. Acho justo, tendo em vista que o número de alunos, logicamente, supera o número de professores e outros funcionários da instituição. Além disso, qualquer aluno poderia votar, bastaria estar devidamente matriculado. Não importa nem se vai às aulas, se fez o último dever de casa ou se tem tantas estrelinhas do quadro. Era só chegar com um documento de identidade, entrar na fila, esperar cerca de 10 a 15 min e “exercer seu papel de cidadão”.

Fácil, não? Mesmo assim, muita gente não foi. Eu sou um deles. No segundo turno, ainda entrei na fila mas eu estava com pressa e como iria demorar, desisti. Arrependo-me, mas já era, pois espero estar bem longe da Ufam quando ocorrer o próximo pleito, daqui a 4 anos.

Mas voltando… Nelson levou a melhor entre os acadêmicos, mas perdeu entre os técnicos e professores. Explicando de uma forma bem lúdica: 2×1 pra Márcia. E então, após 100 anos de vida da Ufam, Márcia Perales se tornou a primeira reitora da instituição e tomará posse lá por meados de junho.

O 2º turno teve mais participação da comunidade acadêmica, somando 10786 votos (431 votos a mais que no turno passado). Na minha modestia de menino, eu achava que mais de 10 mil votos são bastante coisa, ainda mais se levarmos em consideração que, neste caso, o voto não é obrigatório. Mas um amigo meu disse que isso não representa cerca de 27% dos possiveis eleitores. Ou seja, é bem pouco, fato.

E por que não votar? Ou melhor, por que votar??

Aproveitei o dia do 2º turno para conversar com pessoas que iam e que não iam votar. Apenas duas pessoas afirmaram ter assistido um dos debates (salvo engano, foram 6), as outras disseram ter tomado suas decisões após ler os folders e ao conversar com outras pessoas. Aí abaixo, algumas declarações:

Por que votaram?

“É preciso fazer uma análise da situação e não podemos ser neutros diantes disso. Votei no primeiro turno, meu candidato não está no 2º turno mas estou votando de novo”, Claudeci Azevedo – Acadêmica de Serviço Social.

“A Ufam apresenta inúmeros problemas, não só adminstrativos. Sinto que não tivemos muito progresso. Minha motivação é essa: querer mudar” – Ivone Vieira – Letras Lingua Portuguêsa

Por que não votaram?

“Sinto dizer, mas não acredito mais em política. Não me interessei em acompanhar as campanhas e achei melhor não votar” – Bruno Dias – Letras Língua Francesa

“Sou caloura e logo no dia da matrícula fui recebida com milhões de panfletos. Li todos e nenhum candidato me interessou, diante disso, não votar pareceu a coisa mais lógica. Esse é meu jeito de participar. É muito ruim ter que votar em alguém só porque é TEM que votar de qualquer maneira” – Rayssa cavalcante – Contabilidade

O direito de não votar

Conversamos também com o Prof. Dr. em Antropologia Sérgio Ivan. Sobre isso, ele diz:

“Antes os reitores  eram nomeados pelo Governo, agora é a própria comunidade acadêmica que escolhe seu líder. Isso é um avanço. Mesmo assim, devemos lembrar que estamos numa Universidade, um lugar de idéias, um lugar onde todos estão livres para pensar e agir. A não obrigatoriedade do voto faz parte da liberdade de escolha inerente a cada ser humano. Se a pessoa não é obrigada a algo, ela exerce seu poder de escolha, no caso “Votar ou não”. O resultado desta escolha envolve a consciência da pessoa. É uma auto-análise. Eu sempre votei pois está é a minha forma de estar participando. Mas abster-se também uma forma de mostrar sua opinião e merece ser respeitado.”

E você, se pudesse, votaria ou não?

E agora, a entrevista que não aconteceu com o canditado Gilson Monteiro

Café de Onça: E então, como é perder de novo e, desta vez, ainda ficar em último?
Gilson: …