Sobre políticos daqui que copiam políticos de lá e a “revolta popular”

Há não tanto tempo assim, São Paulo passou a figurar entre as metrópoles que está combatendo, por meio do rigor da lei, o fumo e os males do cigarro à saúde das pessoas que estão em volta de fumantes.

Se a lei é tão rigorosa assim e pune quem deve ser punido, eu não sei. Com o tempo aprendi a não medir causa e efeitos através das palavras dos noticiários.

Mas o que se pode ter certeza é que esta medida foi divulgada e debatida até a exaustão, tanto no estado paulista quanto na esfera nacional. Tanto que encheu o saco.

Lá, a lei vale em todo o estado, tem fiscalizações diárias que inclui fiscais a paisanas e, graças a campanha em massa, segundo a Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo, “na primeira semana da Lei Antifumo, 55 dos 7.428 estabelecimentos fiscalizados foram multados”. (fonte: ultimosegundo.ig.com.br)

Então, aconteceu de nossos parlamentares daqui também aderirem à moda do ambiente público livre da fumaça dos cigarros. Foi algo tão repentino que rendeu piadas no twitter (aliás, muito desse post é baseado na vida in twitter).

Porém, ao contrário de lá, aqui não houve debate, nem campanha educativa/explicativa. Nada. Talvez por nossos representantes políticos acharem que toda população amazonense está bem informada e que assimilamos por osmose a situação vivida em São Paulo. Ou talvez (e é essa a teoria que eu mais acredito), os políticos daqui travaram entre si uma corrida para ver quem mostra trabalho entra pra história dá mais entrevista aos jornais aprova a lei anti-fumo mais rápido. Pelo bem do povo, lógico.

Não sei quem largou primero, se deputados ou vereadores, mas os vereadores já estão bem a frente.

fumougeral

De acordo com a matéria do Portal Amazônia, a lei antifumo já foi sansionada e será publicada amanhã (20) no Diário Oficial. Ou seja, já vai ser proibido fumar em ambientes públicos ou fechados em toda a Manaus desde esta data.

Os deputados também aprovaram por unanimidade, mas ainda aguardam a assinatura do governador.

Sem querer ser chato e soar como um paulista-wannabe, mas, São Paulo, além dos debates e propagandas educativas, ainda contou com aquelas ampulhetas gigantes que marcavam quando a lei entraria em vigor, o que pra mim, parece ser uma boa manobra psicológica para alertar a população.

E aqui? O quê que teve? Nada.

Por isso, temo que essa lei não vá mudar a vida daqui. Capaz de ser só mais uma lei que existe mas não é cumprida, como a lei da fila, que estipula um limite máximo de 15min de espera nas filas dos bancos; ou a lei do troco, que versa que, caso o cobrador do ônibus não tenha troco, o passageiro pode passar pela catraca sem pagar.

Porém, o mais engraçado nisso, são as campanhas contra a lei antifumo que une fumantes e não fumantes por uma mesma causa. A maioria chega a dizer que a lei é totalitária e só faltam chorar sobre o artigo 5º da constituição brasileira que fala sobre os direitos de ir e vir livremente.

Isso me faz lembrar de um post no blog Olhometro, da Ana Freitas.

olhometro.com

Faço minhas as palavras dela. Estamos no mundo do óbvio, uma era em que pessoas sabem que a fumaça do cigarro faz mal e que esta não fica imóvel, porém insistem em fumar perto de pessoas que não querem fumar!

É para essas e todas as pessoas, cuja noção de coletividade é “dividir um cigarro e os efeitos dele” com os outros, que existem plaquinhas com “É proibido fumar” e, agora, leis.

E, sinceramente, pra mim, as mesmas pessoas que afirmam que estas medidas são “totalitárias” dever ser as mesmas que sonham em participar de uma nova revolução pelos direitos do ser humano para se sentirem inseridas na história, algo tipo uma versão 2.0 dos “caras pintadas”, só que totalmente organizada e difundida pelo orkut e twitter.

Não sou fumante, sou a favor da lei antifumo e espero que nossos políticos não copiem apenas a ideia mas também achem formas de fazê-la ter algum efeito que não seja apenas o riso debochado de alguns.

Uma resposta

  1. Pretty useful article.

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